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Convívio Poético – Poesia no Feminino

Escrito por no dia 30/04/2025

Na Rádio Transforma, cada voz importa, e neste episódio especial de “Convívio Poético“, mergulhamos num universo lírico vibrante: a poesia feminina portuguesa nascida e consolidada após o 25 de Abril de 1974. Mais do que uma simples leitura, este programa é uma celebração e uma prova de que o “silêncio das mulheres”, como alguns o definiram antes do século XIX, deu lugar a um poderoso grito que ecoa em cada verso.

Manuel Alberto Valente, organizador de uma antologia recente, sugere que a qualidade média da poesia escrita por mulheres nascidas depois de 74 é, em geral, superior à dos homens do mesmo período. Uma afirmação forte, mas que ganha corpo e alma nas vozes que ouvimos neste episódio.

Uma Viagem Lírica por Temas Intemporais

O programa “Convívio Poético” é uma verdadeira viagem cronológica através de 32 poetas, escolhidas para ressoar com as múltiplas efemérides de março: o Mês da Mulher, do Pai, da Primavera, da Poesia e do Teatro. As leituras, conduzidas de forma coletiva e envolvente pela equipa da Rádio Transforma – Zé, Gilda, Helena, Graça, Nuno, Maria Fernanda e o anfitrião, juntamente com a participação musical da talentosa Tina Bastos – trazem à tona um mosaico de emoções e reflexões.

Vamos explorar alguns dos temas mais marcantes que estas poetas portuguesas nos presenteiam:

  • A Essência da Poesia e da Criação: O episódio abre com a majestosa “Ser poeta é ser mais alto, é ser maior do que os homens”, de Florbela Espanca, um convite à paixão e à profundidade da arte de escrever.
  • Amor e Suas Facetas: A melancolia e a devoção no amor são palpáveis em “Minha alma de sonhar-te anda perdida”, também de Florbela Espanca, imortalizada na canção “Fanatismo” pela voz de Tina Bastos. A delicadeza e a complexidade dos sentimentos emergem em “Delicadeza” de Sophia de Mello Breyner Andresen, que nos lembra a fragilidade da vida e a beleza de aceitar o imperfeito.
  • A Condição Humana e o Tempo: Em “Nada tão silencioso como o tempo no interior do corpo”, somos convidados a refletir sobre a passagem do tempo, enquanto “Que é voar?” explora a liberdade da alma. “Cântico da mulher grávida” traz uma ode à maternidade, aos medos e esperanças de quem gera uma nova vida, com uma ternura que transcende a dor.
  • A Mulher no Mundo Contemporâneo: Poemas como “Reconstituição da Força de Trabalho” e “A Importância do Pequeno Almoço” oferecem um olhar perspicaz sobre o papel multifacetado da mulher no dia a dia, desde o trabalho braçal até à sustentação do lar. A “Divisão do Frango” e “Em Campo de Aviários” abordam as dinâmicas familiares e sociais com uma perspetiva por vezes crua, por vezes melancólica.
  • Identidade, Fragilidade e Resiliência: A busca por si mesmo e a vulnerabilidade são expressas em “Sou de vidro, meus amigos, sou de vidro”, que fala sobre a transparência e a fragilidade da existência. “Esta manhã encontrei o teu nome meus sonhos” e “O jardim e a noite” mergulham na solidão e na busca por conexão.
  • Relações Familiares Profundas: As “Cartas ao Pai” e “À Minha Filha” tocam na complexidade dos laços familiares, na herança emocional e na tentativa de transmitir sabedoria através das gerações.

Um Legado de Vozes Fortes e Empoderadas

Este episódio de “Convívio Poético” é um testemunho da força e da evolução da poesia feminina em Portugal. Ele lembra-nos que a poesia não é apenas arte, mas também um espelho da sociedade, um espaço de denúncia, celebração e introspeção.

Não perca a oportunidade de ouvir ou rever este episódio da Rádio Transforma e deixe-se envolver pela beleza e profundidade destas vozes líricas. A poesia pós-25 de Abril, escrita por mulheres, é um convite à reflexão e à emoção, e um lembrete do poder transformador das palavras.

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