Conversar é preciso com Alfredo Soares Ferreira
Escrito por Radio Transforma no dia 06/01/2025
Era uma vez, no ano de 1969, um estudante progressista que arrancava com a sua carreira – estudantil e profissional – em plena crise académica, na Universidade de Coimbra. Pouco tempo depois, na verdade, de “1968: o ano que não terminou”, o romance sem ficção do jornalista e escritor brasileiro Zuenir Ventura. Ou seja, tempos de um mundo em crise. Ora bem, era uma vez, não! É sempre a vez de falar de – e com – Alfredo Soares Ferreira, o entrevistado deste episódio do “Conversar é Preciso!”.
Hoje o engenheiro, professor e formador confirma que o caos social daquela época contribuiu para que se formasse como “Homem e Cidadão”. Com letras maiúsculas, mesmo! E o resultado é uma obra que reúne sete livros publicados de 1977 a 2022. Quais as temáticas? Ele faz o leitor viajar “da revolução à poesia”. Um comunista legítimo, então? Sem rótulos, o melhor é assistir à entrevista na íntegra. Mais que um “ista”, Alfredo nos dá uma verdadeira aula de história contemporânea. Confira!
É que antes do 25 de Abril, qualquer palavra poderia sentenciar um castigo. E para se proteger da PIDE – a polícia política portuguesa – os idealistas que militavam por um tempo melhor buscavam abrigo no Café Piolho e na Livraria dos Estudantes. Aliás, Alfredo é membro da atual Cooperativa UNICEPE – Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto.
Ambos os sítios são localizados na Praça dos Leões, na cidade do Porto. Para falar sobre a força das suas publicações numa época de tanta transformação, vale uma visita à biblioteca do entrevistado. Em 1977, foi co-autor de “Portugal, Revolução, Unidade Socialista: balanço duma experiência e perspectivas”. De 2014 a 2022, publicou uma série de títulos provocativos: “Reflexos do Rio Torto”, “A Nascente”, “Rio Torto, a Margem Esquerda”, “Bracarenses na crise académica de 1969”. Nos campos da filosofia e da poesia, é coautor de “Paranhos em Poesia, Antologia Poética 2021”. Em 2024 lançou “Escrita da Leitura”. Um título a mais na sua vasta produção que reúne publicações, artigos e comunicações, em Portugal e outros países: Angola, Cabo-Verde, Espanha, Guiné-Bissau, Itália, Moçambique e Timor Leste.
Neste “Conversar…” foi preciso misturar engenharia com militância, além da poesia, publicações literárias e projetos académicos. Sem deixar de fora a foice e martelo. Qual foi o resultado? Consciência de classe, sociedade livre e igualitária, revolução social. Estivéssemos no final dos anos 60, sairia preso do estúdio. Em tempos de democracia, partilhou com a toda a gente os seus saberes e experiências. Imperdível!